As datas propostas pelo Ano Litúrgico não coincidem com o ano civil. Enquanto este se inicia no dia 1° de
janeiro e termina no dia 31 de dezembro, o Ano Litúrgico tem início no Advento (quatro semanas antes do Natal) e
termina no sábado da última semana do Tempo Comum.
O “domingo é o fundamento e o núcleo do Ano Litúrgico”, isso porque a Igreja celebra a cada oitavo dia o Mistério Pascal. Conhecido como o Dia do Senhor, devido à tradição apostólica cuja origem é o mesmo dia da Ressurreição de Cristo, no domingo os cristãos “devem reunir-se para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus”.
Ao relembrarmos os ensinamentos de Jesus Cristo por meio do Ano Litúrgico, somos convidados a nos unirmos ainda mais a Ele na fé. Isso porque, enquanto cristãos, fortalecemos nosso compromisso como discípulos missionários de Jesus Cristo ao celebrarmos a obra libertadora de Deus em favor da humanidade. Obra esta que ocorre por meio de seu Filho no contato com o mistério da Encarnação e tendo como centro o Mistério de sua Morte e Ressurreição, o Mistério Pascal, apresentado nas celebrações que compõem o Ano Litúrgico.
Cada acontecimento que compõe o Ano Litúrgico é uma oportunidade de renovar o sentido da nossa própria vida através da celebração da liturgia, em rituais, símbolos e gestos. Nestes, ainda que a comunidade esteja reunida, cada cristão vive ao seu modo a experiência de encontro com Jesus Cristo no decorrer do Ano Litúrgico. Isso ocorre porque cada celebração convida os irmãos católicos para dela fazerem parte: “Todos participam dos gestos, todos falam e cantam, acompanham a procissão, acompanham a ação do momento, como na representação do Domingo de Ramos, quando todos, com ramos de palmeira nas mãos, louvam o Cristo que chega”3. A participação do cristão, sua sintonia com os acontecimentos da História da Salvação, é a
natureza intrínseca da liturgia. Sem o real relacionamento entre o cristão e o Mistério da Salvação revivido anualmente no Ano Litúrgico, a ação divina não se realiza no rito e a transformação pessoal de vida acaba por se
perder.