O Papa Francisco pediu que a Amoris Laetitia seja aprofundada para desenvolver novos caminhos pastorais para as paróquias e as comunidades realizarem uma boa pastoral familiar. Cada comunidade deverá criar as suas atividades, obedecendo a Doutrina da Igreja, suas necessidades e seus desafios.
O primeiro ponto que o Papa destaca é “Anunciar hoje o Evangelho da família”. As famílias são os sujeitos principais da pastoral familiar, dando o testemunho alegre dos casais e das famílias, igrejas domésticas. Mostrar que em Cristo somos “libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento”.
Não se esquecer de que a Igreja é sinal de contradição, que luta contra a pregação sistemática de contra valores da mídia secular. E os pastores devem lhes oferecer as motivações para a vivência de um amor forte, sólido, duradouro, capaz de enfrentar todos os problemas da vida familiar. Mais do que uma preocupação geral sobre os problemas da família, é necessário “um esforço evangelizador e catequético dirigido à família”.
Amoris Laetitia: os desafios a serem enfrentados
E para isso exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária, e que não fique apenas num anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas, mas que levem as famílias a experimentarem que o Evangelho é a resposta para dar sentido à vida conjugal e familiar. Para isso é precioso apresentar valores concretos para vencer “os condicionalismos culturais, sociais, políticos e econômicos”, que geram pobreza, exclusão e violência. Neste sentido, deve-se “encorajar e apoiar os leigos que se comprometem, como cristãos, no âmbito cultural e sociopolítico”.
À paróquia cabe a principal contribuição para a pastoral familiar. Portanto, há a necessidade duma “formação mais adequada dos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, catequistas e restantes agentes pastorais”.
Os seminaristas precisam receber uma formação interdisciplinar mais ampla sobre namoro e matrimônio, não se limitando à doutrina, e uma formação psicoafetiva. Alguns passaram por uma experiência da sua própria família ferida, com a ausência de pais e instabilidade emocional. Então, é preciso garantir o seu amadurecimento durante a formação, tendo em vista que, no futuro, tenham equilíbrio psíquico para bem orientar os casais. Por isso, “é importante que as famílias acompanhem todo o processo do Seminário e do sacerdócio”. Os seminaristas precisam ter um tempo no Seminário, mas também nas paróquias para terem contato com a realidade concreta das famílias.
Os Sínodos apresentaram a necessidade de “formar agentes leigos de pastoral familiar, com a ajuda de psicopedagogos, médicos de família, médicos de comunidade, assistentes sociais, advogados de menores e família, predispondo-os para receber as contribuições da psicologia, sociologia, sexologia e até aconselhamento”. Uma atenção especial deve ser dada às situações de violência doméstica e abuso sexual.
Retomar o valor das virtudes
Destaca-se a necessidade de guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimônio, ajudando-os a descobrir o valor e a riqueza do matrimônio, tanto no aspecto conjugal quando aos filhos, levando-os a assimilar a beleza e a importância de uma união plena que dá à sexualidade o seu sentido maior, ao mesmo tempo que promove o bem dos filhos. É fundamental lembrar-lhes a importância das virtudes para o crescimento do amor e da castidade.
Não deixar de ligar o matrimônio com a importância do Batismo e demais sacramentos. É um bem para as paróquias e comunidades acompanhar o caminho de amor dos noivos, pois eles podem contribuir para renovar a Igreja, fazendo crescer na amizade e na fraternidade a comunidade cristã de que fazem parte. Que não se afaste os jovens do sacramento, sobretudo a Confissão e a Eucaristia. Seja-lhes dado os ensinamentos básicos do Catecismo (o Credo, os sacramentos, a moral e a espiritualidade), mas interessa mais a qualidade do que a quantidade, dando ênfase ao querigma, para que tenham as disposições para iniciar uma sólida vida familiar em Cristo.
É enriquecedor para os noivos oferecer-lhes uma preparação remota que faça amadurecer o amor deles. São muitos úteis os grupos de noivos e as palestras sobre temas que interessam aos jovens: o sentido do casamento, o amor verdadeiro, o sentido do sexo, a harmonia conjugal, as diferenças psicológicas do homem e da mulher, a solução dos conflitos conjugais, o conhecimento do outro, a administração do lar, a educação dos filhos, etc.
O exemplo do matrimônio cristão
Destaca-se a importância de mostrar-lhes que amar uma pessoa concreta, com quem se pretende partilhar a vida inteira, não é algo que se improvisa, e que não se aprende apenas num rápido curso antes do matrimônio. É algo que se constrói dia a dia. Toda essa preparação deve começar na família de cada um. Tudo o que a família lhe deu permite torná-la capaz de um compromisso pleno e definitivo. Os que chegam melhor preparados ao casamento são aqueles que aprenderam dos seus próprios pais o que é um matrimônio cristão, onde se vive o amor, a fidelidade conjugal, o respeito, o carinho etc.
Os que já estão com o casamento marcado devem receber uma formação no sentido de dar-lhes também a possibilidade de conhecerem-se mais profundamente, identificando os possíveis problemas que podem surgir com as incompatibilidades e riscos. Às vezes, pode-se até chegar a conclusão de que “não é razoável apostar naquela relação, para não se expor a um previsível fracasso que terá consequências muito dolorosas”.
O deslumbramento inicial pode levar a esconder as divergências ou adiar as dificuldades para depois. Os noivos devem ser incentivados a expressar o que cada um espera do matrimônio, o que é o amor e o compromisso, aquilo que se deseja do outro, o tipo de vida em comum que se quer etc. Esses diálogos ajudam a ver que a mera atração mútua não será suficiente para sustentar a união. Não há nada mais precário e imprevisível que o desejo; por isso, deve-se aprofundar os valores cristãos perenes.
Conhecendo os pontos fracos do outro, é preciso a maturidade necessária, a paciência e a fé, o amor e a dedicação para ajudá-lo a superar isso. Amar é fazer o outro crescer, e para isso é preciso a renúncia. Madre Teresa disse que “amar dói”, mas que temos da amar até doer. É preciso preparar-se para os momentos difíceis da vida conjugal. Infelizmente, muitos chegam ao casamento sem se conhecer. Apenas se divertiram, mas não conheceram bem o outro, a sua história, suas qualidades e defeitos.
Os Dez Mandamentos do Casal
É preciso mostrar aos noivos que o casamento não é o fim do caminho, mas o começo de uma longa viagem, uma vocação, uma missão e não uma curtição a dois. Ajuda a formação deles os bons conselhos dos terapeutas conjugais, como os Dez Mandamentos do Casal:
1. Nunca irritar-se ao mesmo tempo.
2. Nunca gritar um com o outro.
3. Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro.
4. Se for inevitável chamar a atenção, fazê-lo com amor.
5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado.
6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge.
7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo.
8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.
9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.
10. Quando um não quer, dois não brigam.
Fonte: Aprofundamento sobre a “Amoris Laetitia” (cancaonova.com)