“A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida” (Catecismo da Igreja Católica, 2270).
A defesa inegociável da vida está presente na doutrina da Igreja Católica desde o século I. Por isso, o aborto constitui um crime contra a vida humana de um inocente que, desde a concepção, deve ser tratado como pessoa com todos os seus direitos.
O recente caso do aborto induzido numa menina de 10 anos, que aconteceu no domingo, 16 de agosto, no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife (PE), causou espanto, perplexidade e divisão de opiniões na sociedade e também entre os cristãos católicos. A gravidez, já na 22ª semana, foi consequência do crime de abuso sexual que a criança sofria há anos por familiares. Por isso, muitos questionaram se condenar o aborto não significaria ser conivente ou indiferente ao crime bárbaro que foi cometido contra a criança que se tornou mãe.
Diante de um fato complexo como esse, a Igreja permanece na convicção de que tanto a vida da menina-mãe, quanto a da criança de apenas cinco meses, deveriam ser preservadas e cuidadas. Por isso, a Igreja manifestou lamento e indignação por aqueles que representam a Lei e o Estado e decidiram pela morte da criança que estava no ventre materno.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que o caso diz respeito a dois crimes hediondos: “A violência sexual é terrível, mas a violência do aborto não se explica, diante de todos os recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças. As omissões, o silêncio e as vozes que se levantam a favor de tamanha violência exigem uma profunda reflexão sobre a concepção de ser humano”, afirmou.
Em toda a Igreja do Brasil, vários bispos se manifestaram diante do ocorrido, na mesma perspectiva do que defende a Igreja, de que a vida precisa ser, incondicionalmente, respeitada e defendida. O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, escreveu um artigo no qual questiona a decisão judicial que permitiu a interrupção da gravidez. Intitulado: “Por que não viver”, dom Ricardo faz uma série de questionamentos sobre o crime que foi cometido.
“Por que não foi permitido esse bebê viver? Que erro ele cometeu? Qual foi seu crime? Por que uma condenação tão rápida, sem um processo justo e fora da legalidade? Por que o desprezo a tantas outras possibilidades de possíveis soluções em prol da vida? Foram muitos os envolvidos, mas o silêncio e omissão dos órgãos institucionais que têm a prerrogativa de defender a vida, se entregaram às manobras de quem defende a morte de inocentes. Por quê?”, diz um parágrafo do artigo.
Fonte: /cnbbs2.org.br