SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

Um novo ano, com suas esperanças e contradições.
A Igreja ousa propor como modelo de vida a figura de Maria, a primeira entre os discípulos, aquela que fez do tempo uma obra-prima. Maria foi um importante ponto de referência no caminho dos cristãos ao longo da história. Antes de ter aceitado a Palavra, que nela se tornou rosto em Cristo, como mãe teve que se tornar discípula do Filho. Foi a primeira a iniciar um caminho que a fez crescer, de Nazaré a Jerusalém, para se tornar a referência da comunidade primitiva. Ainda hoje, ela nos é proposta como companheira de viagem e modelo; e, em particular, somos convidados a imitar a sua atitude silenciosa de reflexão e de meditação.
Diante dos acontecimentos do nascimento de Jesus, da chegada dos pastores e dos magos, Maria medita sobre todas essas coisas, guardando-as no coração. Literalmente, como escreve Lucas, ela junta as peças, criando uma unidade de eventos. O ano que se inicia será – como todos os anos – cheio de luzes e sombras, de eventos positivos e grandes esforços. Mas se soubermos juntar as peças à luz do grande projeto que Deus tem para cada um de nós, como Maria foi capaz de fazer, então será um tempo de graça, dias repletos da busca silenciosa e intensa de Deus e da felicidade.
O dia 1º de janeiro tornou-se o dia mundial de oração pela paz. O dom da paz, anunciado pelos anjos aos homens de boa vontade, é, infelizmente, um dom demasiadas vezes vendido, manipulado, quando não manifestamente violado. As trágicas imagens de centenas de crianças vítimas das nossas guerras inúteis estão diante dos nossos olhos e nos impelem a rezar com fé e seriedade para que o homem acolha o dom da paz. Porém, não basta rezar: somente se cada um de nós tornar-se um pacificador, colocando nas nossas vidas gestos concretos de não-violência, tomando partido pela solidariedade e pela justiça, poderemos sonhar com um mundo diferente para os nossos filhos. Violência que emerge das nossas palavras, da nossa mesquinhez, das nossas brigas, das nossas pequenas divisões egoístas… quantos muros devemos derrubar! E como é triste perceber que, precisamente nos países da mais antiga tradição cristã, massacramo-nos como animais! O dom da paz deve ser cultivado por corações pacificados e pacificadores, portadores daquele sentimento de benevolência que, para o cristão, é a consequência lógica do seu encontro pessoal com Deus.
Neste dia de bons votos, as primeiras palavras que a Bíblia nos dirige são: “Abençoarás a teus irmãos”. Se eles merecem ou não, irás abençoá-los. Deus nos pede que aprendamos a abençoar: os homens e as histórias, o azul do céu e a passagem do ano, o coração do homem e a face de Deus. O homem, se não aprender a abençoar, jamais será feliz.
A bênção de Deus não é saúde, dinheiro, sorte, fortuna ou vida longa, mas simplesmente luz. A luz significa muitas coisas, mas compreendemo-la quando olhamos para as pessoas que emanam bondade, generosidade, beleza e paz. Que sejamos abençoados com rostos e corações luminosos! De que precisamos para este ano? Eu não sei, mas tenho uma certeza: o Senhor me concederá a graça, que significa: o Senhor caminhará ao meu lado, nas minhas provações se inclinará sobre mim, para que nenhum suspiro Lhe escape, nem sequer uma única lágrima. Aconteça o que acontecer este ano, Deus voltará o Seu rosto para mim e se compadecerá de mim.
Pe. Edvaldo Ramom Vergasta