14.02.2021. 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Levítico 13,1-2.44-46 (ou: 2Reis5,9-14); Sl 31; 1Corinto 10,31-11,1; Marcos 1,40-45
A ALMA TAMBÉM QUER SAÚDE
Duas leituras trazem à tona o problema da doença e da cura. A 1ª leitura trata das implicações higiênicas, sociais e religiosas da lepra (hanseníase). (Na 1ª leitura opcional, há o relato de um pagão, Naamã, que obtém a cura da lepra obedecendo ao profeta Eliseu.) E no Evangelho, há o relato de Jesus que CURA UM LEPROSO.
Aqui está uma grande lição. Tanto o profeta Eliseu como Jesus não são milagreiros, nem curandeiros, nem falsos profetas, nem feiticeiros que ganham dinheiro prometendo curas e milagres. Se curam, é para que o povo CREIA. (Aliás, cadê os poderosos milagreiros, cheios de “poder” e de “unção”, para “amansar” os “virus”?)
Aliás, Jesus não buscava aplausos, nem reconhecimentos públicos, “ficava fora, em lugares desertos” (v.45). (Existem vários casos de santos que foram proibidos de fazer milagres, pois deixavam a cidade alvoroçada, sem falar das “invejazinhas” de alguns “coleguinhas”. É o caso de S. Martinho de Lima, S. José de Copertino, B. Salvador de Horta, B. Pedro Petroni, B. Giovana Bonomo…)
(E como curiosidade, um caso engraçado que se conta sobre S. Martinho de Lima. Este santo foi proibido de fazer milagres. E obedeceu. Dias depois, estava andando pela rua. Viu uma casa em construção, e um homem bem no alto, no telhado. E esse homem começou a cair. S. Martinho lhe gritou: “Pare aí! Espere um pouco que já volto!” E o homem ficou parado, suspenso no ar. São Martinho foi ao convento, falou com o Superior sobre o caso, perguntou se podia salvar esse pedreiro. O Superior quis ver. E foram lá. O homem estava ainda parado, suspenso no ar. E com a devida licença, S. Martinho mandou o homem descer, suavemente… até o chão…)
Aliás, é interessante observar que Jesus foi jantar na casa de “Simão o leproso” (Mt 26,6). Seguramente esse Simão teve a lepra, e dela se curou, observou as PRESCRIÇÕES RELIGIOSAS, e voltou a viver socialmente.
A Igreja ensina que AS REALIDADES TERRENAS SÃO AUTÔNOMAS (Gaudium et Spes, 36). Isso significa que quem deve resolver, por exemplo, o problema da saúde, é a pessoa humana. Para isso ela tem inteligência, e pode descobrir meios antes inimagináveis de solucionar questões que afligem a existência. Claro, essa autonomia não é absoluta e, por isso, nem tudo lhe é permitido. A gente sabe o que acontece quando se mexe em coisa em que não se deve mexer.
Pois é. A lepra era um desses assuntos melindrosos, pois era uma doença “misteriosa” e que tinha dolorosa repercussão na comunidade. Claro, hoje ela tem cura. E não custa recordar que a Igreja construiu e possui, hoje, 305 leprosários, presentes em diversos países. S. Francisco de Assis, aos 24 anos de idade, abraçou a vida de pobreza a exemplo de Cristo. Dedicou-se também ao cuidado dos leprosos.
Jesus cura o leproso e seria capaz de curar com facilidade todos os doentes do mundo. Mas para Cristo o que importa é, em primeiro lugar, olhar ao “Pai nosso que estais nos céus”. Se a gente não se convence e não se acostuma a PENSAR EM PRIMEIRO LUGAR no “Reino de Deus e sua justiça” (Lc 12,31), e na saúde da alma, e na graça da salvação, Deus não sabe o que fazer com a gente.
Por fim, lembremos que o pecado não afeta só a alma. Conta-se que muitos santos e santas (como S. Marie Margherite des Anges) sentiam o MAU CHEIRO DOS PECADOS. E a exemplo de Jesus, muitos santos, como o S. Cura d’Ars, liam as consciências.
(Pe. Aldo)