2022 é o 8º pleito eleitoral em que o Regional Sul 2 da CNBB oferece uma Cartilha de Orientação Política
Já é uma tradição no Regional Sul 2 da CNBB a elaboração de cartilhas de orientação política nos anos de eleições. Segundo os arquivos do Regional, desde o ano de 2008, ininterruptamente, foram publicadas cartilhas nos anos eleitorais. Essa foi uma iniciativa que partiu do episcopado paranaense, após um longo debate e discernimento, durante uma assembleia que aconteceu em setembro de 2007.
Histórico
Segundo o padre Carlos Alberto Chiquim, secretário executivo do Regional Sul 2 da CNBB na época, a motivação para a produção de uma cartilha regional veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Leigos (CNLB). O intuito inicial era ajudar os cristãos a discernir para a escolha de bons candidatos. “O foco da reflexão, naquela época, era sobre o dever de escolher bons candidatos, conhecendo sua história e sua proposta de governo e também conscientizar sobre o crime de vender votos”. O sacerdote recorda que uma frase nascida em um encontro do CNLB – Sul 2 ganhou uma repercussão nacional: “voto não tem preço, mas consequência”.
O então arcebispo de Maringá (PR), hoje emérito, Dom Anuar Battisti, relatou que nessa assembleia os bispos trouxeram em pauta o apelo do povo, que em suas dioceses, pediam uma orientação da Igreja quanto às eleições. Então, acharam por bem, produzir um subsídio regional, no qual fosse oferecida a orientação comum dos bispos para a Igreja do Paraná.
No ano de 2006, a CNBB já havia publicado o documento 82: “Eleições 2006 – Orientações da CNBB”, no qual incentivava a elaboração de cartilhas em cada realidade. “As presentes orientações também poderão inspirar a elaboração de textos mais breves e cartilhas apropriadas às diversas realidades locais do Brasil”, dizia o texto de apresentação, assinado pelo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, então Secretário-Geral da Conferência.
A primeira Cartilha de Orientação Política do Regional Sul 2 foi publicada em 2008, ano de eleições municipais. O tema da cartilha foi: “Voto não tem preço. Voto tem consequências!”. Desde então, com o intuito de falar sobre política de uma forma simples e didática, essas cartilhas visam ajudar os cidadãos a tomar consciência da importância do compromisso com a democracia. Elas trazem indicações básicas sobre o universo da política, reforçando aquilo que a política tem de positivo, nobre e essencial para a vida em sociedade.
Dez anos após o lançamento da primeira cartilha, a CNBB decidiu assumir a Cartilha de Orientação Política do Regional Sul 2 em âmbito nacional, apoiando e colaborando na sua elaboração. Em 20 de fevereiro de 2018, padre Mário Spaki, então secretário executivo do Regional Sul 2, hoje bispo de Paranavaí (PR), apresentou o esquema da cartilha na Reunião do Conselho Permanente da CNBB. E durante a 56ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (Aparecida, abril de 2018), a cartilha foi lançada para todos os bispos. O Regional Sul 2 continuou sendo o responsável pela publicação e distribuição.
Característica das cartilhas
É importante destacar que o subsídio é apartidário, ou seja, ele trata sobre política na sua essência, sem posicionamento partidário ou ideológico. Essa é a posição da Igreja Católica e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que não se identifica com nenhum partido ou ideologia política, mas é comprometida com a democracia e o bem comum, com o objetivo de que todos tenham condições de viver com dignidade, desde a sua concepção até o seu fim natural.
Os valores de uma autêntica política, como a busca do bem-comum, que visa garantir vida digna a todos, são comuns também ao Evangelho e a Doutrina Social da Igreja. Sendo assim, como define o Papa Francisco, a política é muito nobre e é uma das mais altas formas de se viver a caridade. Por isso, a Igreja é um espaço aberto para acolher a todos, independente das opções político/partidárias, para um incansável diálogo sempre em vista do bem-comum. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O ARQUIVO DAS ÚLTIMAS CARTILHAS.
Cartilha de Orientação Política 2022: A política melhor
Neste ano, a Cartilha possui uma característica original, pois está embasada no pensamento do Papa Francisco quanto à política, expresso na sua mais recente encíclica social: “Fratelli Tutti – Sobre a fraternidade e a amizade social”. No documento, o Papa dedica um capítulo inteiro à política, ao qual intitula “A política melhor”.
“Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum” (FT, n. 154), escreveu o Papa Francisco.
A encíclica instiga a romper com aquela visão popular de que a política seja uma coisa suja e maléfica e enxergar o que ela possui de valorosa, nobre e tão necessária para o mundo. Afinal, como questiona o Papa: “poderá o mundo funcionar sem política? Poderá encontrar um caminho eficaz para a fraternidade universal e a paz social sem uma boa política?” (FT, n. 176).
Para o arcebispo de Londrina (PR) e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, Dom Geremias Steinmetz, o maior desafio da Cartilha nesse pleito eleitoral, será aprofundar a consciência de que todos precisam dar a sua contribuição por uma democracia cada vez mais forte e representativa. “Por isso é tão importante eliminar tantos problemas e tantos vícios que atingem as eleições. Por exemplo: as polarizações, a compra e venda de votos, a ideia de que a nossa participação não é importante na política. Todos nós, enquanto sociedade, como cidadãos, temos um importante papel para que o nosso Brasil seja cada vez melhor. Um instrumento importantíssimo para isso tudo é a eleição feita com consciência, transparência e com o objetivo de sermos melhores”, afirmou Dom Geremias.
Produção da Cartilha
Para a produção dessa Cartilha de Orientação Política, o Regional Sul 2 contou com uma comissão, composta pela assessoria política da CNBB, por bispos, padres e leigos peritos em várias áreas do conhecimento e da comunicação. Todas as etapas da produção, desde a escolha dos temas e da capa, até a assessoria para os conteúdos e a revisão do texto e diagramação foram acompanhadas por essa equipe.
A capa da Cartilha foi desenvolvida pelo designer gráfico Hélder de Castro. Ele trabalhou o conceito de que “o altar dos leigos é o mundo” (Cf. Evangelii Gaudium, 102), mostrando pessoas de várias faixas etárias, em diferentes áreas de atuação: política, educação, saúde, comunicação, economia, segurança, agricultura, esportes e vários tipos de trabalho. Além disso, sobre o mapa está a urna eletrônica, que representa a democracia, e uma Bíblia, que representa a dimensão da fé cristã.
A cor verde, predominante em toda capa, foi escolhida por remeter à esperança e à vida. Além disso, é a cor que representa a natureza e um dos temas propostos na cartilha é a ecologia integral.
Segundo Dom Geremias, que também acompanhou todo o processo de produção da cartilha, o subsídio é uma contribuição importantíssima para a conscientização a respeito da boa política. “Essa cartilha quer contribuir para que o exercício do voto e da cidadania, realizado especialmente no dia da eleição, seja sempre motivado pelo desejo de darmos a nossa contribuição para um Brasil melhor. Certamente, há muitos pontos que nós precisamos esclarecer para que as pessoas possam sempre mais atingir esse objetivo de serem bons cristãos, que se colocam a serviço da construção de uma sociedade sempre mais justa, fraterna e solidária”, disse Dom Geremias.
Podcasts: “A política melhor”
Todos os temas da cartilha serão aprofundados por meio de uma série de podcasts, intitulada: “A política melhor”. Com o apoio da Pascom Brasil, da Signis Brasil e da Rede Católica de Rádio, semanalmente, a partir do dia 28 de abril, serão publicadas entrevistas, nas quais serão aprofundados os temas da Cartilha. No podcast de estreia teremos uma entrevista sobre: “A Igreja Católica e a Política”, com o secretário geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado.