Diác. Renato Kozievitch
Estimados irmãos e irmãs em Cristo, a vocês Graça e Paz!
Há muito tempo, a Igreja do Brasil dedica-se no mês de Agosto a rezar, refletir e desenvolver atividades em prol das vocações. Tanto é assim que é comum ouvirmos em nossos ambientes eclesiais a expressão “agosto, mês vocacional”. De fato, muitos são os que se perguntam: mas só o mês de agosto, portanto, é o mês vocacional? De alguma forma, todo mês é vocacional – e quanto a isso não temos dúvidas. Todavia, faz-se necessário reservar um dos doze meses do ano, para que reflitamos de modo especial a temática vocacional, colocando-a em relevância, seja em nossas celebrações, em nossos encontros de pastorais e movimentos, grupos de família, entre outros.
O Diretório da Liturgia, organizado pela Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), lembra-nos a importância do mês de Agosto como mês vocacional, destacando em cada uma das semanas que compõem o mês uma temática vocacional distinta que norteará as atividades eclesiais de então, como segue:
“1a semana: vocação para o ministério ordenado: diáconos, padres e bispos;
2a semana: vocação para a vida em família (atenção especial aos pais);
3a semana: vocação para a vida consagrada religiosos(as) e consagrados(as) seculares;
4a semana: vocação para os ministérios e serviços na comunidade”[1].
Mas, diante disso tudo, podemos nos perguntar de modo claro: o que significa celebrar um mês vocacional? Celebrar um mês vocacional tem de ser, antes de mais nada, a celebração do chamado primordial à vida: Deus nos ama, fomos criados a partir do transbordar do amor e da comunhão trinitários. Por isso, não estamos lançados ao acaso, mas caminhamos tendo em nosso horizonte um fim muito específico: a comunhão eterna e plena com Deus!
É sobre essa perspectiva que se desdobra toda a História da Salvação e sobre a qual podemos compreender e viver nossas vocações específicas (sacerdote, religioso(a), leigo…). Cada ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26.27) carrega consigo uma história única e irrepetível que não está pronta e acabada, mas está sendo escrita a todo momento. No mais íntimo do coração de cada homem e de cada mulher, pulsa a chama viva e ardente do amor de Deus criador que chama à comunhão.
E se falamos de Trindade, estamos falando de comunhão, estamos falando de comunidade. Não é possível ser cristão sozinho! O cristão nasce e vive em uma comunidade de fé. Nossa fé é, por excelência, uma fé comunitária. As implicações dessa fé são também implicações comunitárias. No dia a dia, surgem as diversas necessidades decorrentes do caminhar próprio da vida. Aquele chamado primordial à vida, que destacávamos anteriormente, não é um apelo subjetivista a ser vivido de modo egoísta, mas, antes, é um apelo que chama à vida e apresenta-nos essa vida como dom gratuito, que, assumido, encontrará sua realização na oferta gratuita ao próximo. Portanto, é no oferecimento do dom da vida em contraste com as diversas necessidades do cotidiano que nascem as vocações específicas, isto é, a vocação sacerdotal, religiosa e leiga.
A celebração do mês vocacional deve nos chamar a atenção para as diversas necessidades da vida em comunidade. A partir desse despertar, é preciso redescobrir a dimensão da corresponsabilidade que toca a cada um e cada uma de nós. Somos Povo de Deus! Somos Igreja em caminho! Por isso, é preciso que nesse mês de agosto, falemos das vocações, partilhemos ricas experiências vocacionais e valorizemos aqueles que disseram “sim” ao seu chamado vocacional e se colocam a serviço na comunidade de fé. Deus chama através de cada um e cada uma de nós. Sejamos, meu irmão, minha irmã, eco do convite de Deus!