Cardeal Orani João Tempesta*
Teve início na segunda-feira, dia 26 de julho, e vai até sexta-feira, dia 30, a segunda edição da campanha “Quanto vale a vida?”, promovida pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Pela segunda vez, a Igreja quer mobilizar e sensibilizar toda a sociedade brasileira sobre o tráfico de pessoas e o trabalho escravo na semana do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lembrado no dia 30 de julho.
Em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), da Rede um Grito pela Vida da CRB Nacional e da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (Asbrad), a CNBB fará uma mobilização on-line com debates, lives e celebrações virtuais por causa da pandemia da Covid-19. Nesta quarta-feira, dia 28 de julho, haverá uma live, às 20h, com a temática Tráfico Humano em Debate. A transmissão será pelas redes Sociais da CNBB e das entidades parceiras.
É incrível saber que nestes tempos, com tantas informações ainda temos situações como estas. Necessitamos de conscientização desses perigos para que tenhamos uma sociedade que respeite a dignidade humana de todos. Muitas vezes, esse crime acontece quando as pessoas entram em sites na internet que oferecem empregos encantadores fora do país e uma evolução de carreira ao mais alto nível. Normalmente, acontece com moças e rapazes jovens, entre 17 ou 18 anos e são atraídos para uma vida de de sucesso. Quando chegam ao local, tudo parece bonito, mas depois não é nada daquilo que foi oferecido. E até mesmo pessoas mais maduras que são atraídas por planos de carreira, muitas vezes fora do Brasil.
A maioria das vítimas do tráfico é composta por mulheres, crianças e adolescentes, aliciadas para a exploração sexual. Em segundo lugar, vem a finalidade do trabalho escravo. Por isso, é necessário a informação e observar se aquele site é idôneo e se o que é oferecido é verdadeiro. No caso dos mais jovens, é importante os pais estarem por perto e visitar de perto a entidade que está oferecendo o emprego e ainda se aquela empresa existe de fato, ou se é apenas um nome “fantasia”. Só assim diminuiremos o tráfico humano e essas quadrilhas quebrarão.
Nos dias de hoje, temos que estar atentos a qualquer tipo de oferta miraculosa que ofertam rios de benefícios, ainda mais se for fora do nosso estado de origem ou do País. Por isso, é necessário se informar antes de aceitar a oferta e se observar algo errado, avisar imediatamente as autoridades. Às vezes, acontecem algumas coisas devido à falta de informação e por ficarmos calados e deixar as coisas acontecerem.
A internet é muito útil nos dias de hoje, mas ela serve para coisas boas e para aquelas não tão boas assim. Os pais, tios e avós têm que sempre supervisionar aquilo que as crianças e adolescentes acessam na internet, para que eles não sejam atraídos por essas ofertas mirabolantes. É importante analisar o currículo dessas pessoas que se denominam empresários e observar se o site é verdadeiro.
Portanto, essa semana de combate ao tráfico humano serve de alerta para todos nós nos informarmos sobre esse crime que continua acontecendo ao redor do mundo e muitas vezes diante de nossos olhos, em nossa própria casa, mas não conseguimos enxergar. Por isso, fiquemos atentos e cuidemos para que nossos filhos e conhecidos não sejam vítimas desse crime terrível.
A vida não é mercadoria. Cabe a nós rezarmos por aquelas que pessoas que foram vítimas do tráfico humano, ou que nesse momento estão fora de seu país ou estado de origem, sofrendo nas mãos dessas quadrilhas. Que essa semana de combate ao tráfico humano alerte a todos nós e que esse crime não ocorra mais em nosso estado ou em nosso Brasil.
Que Deus Pai e Nossa Senhora nos proteja e proteja a nossa família desse crime e que essa semana sirva para que fiquemos mais atentos, especialmente, quanto aos adolescentes e jovens de nossas famílias.
*Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ